A
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) sediou, nos dias 13 e
14 de novembro, o Colóquio Brasil–França, encontro internacional que aproximou
pesquisadores, professores e representantes do Notariado dos dois países. O
evento, realizado em parceria com o Colégio Notarial do Brasil – Conselho
Federal (CNB/CF), promoveu debates sobre o futuro do Direito Notarial, os
avanços tecnológicos do setor e os instrumentos de proteção à dignidade humana
presentes nos sistemas jurídicos de ambos os países.
Realizado
na tradicional São Francisco, o encontro reforçou o papel da academia na
mediação entre inovação, pesquisa e prática jurídica, conectando universidades
e instituições notariais na discussão dos novos desafios da fé pública. “Este
Colóquio reafirma a força institucional do Notariado brasileiro e a importância
do diálogo internacional para o aperfeiçoamento das práticas notariais. A troca
com o Notariado francês fortalece nossa atuação em defesa da segurança
jurídica, da proteção dos vulneráveis e da inovação responsável”, afirmou a
presidente do CNB/CF, Giselle Oliveira de Barros.
O
vice-presidente do CNB/CF, Eduardo Calais, ressaltou a relevância da troca
entre docentes franceses e brasileiros, além do protagonismo tecnológico do
notariado nacional. “Tivemos a oportunidade, por meio do professor Celso
Campilongo e do Colégio Notarial do Brasil, de trazer a experiência de
professores franceses para entendermos como o direito notarial vem sendo
tratado na França e na União Europeia. O Brasil também tem evoluído, não só em
questões jurídicas e doutrinárias, mas de forma muito enfática na área
tecnológica, demonstrando o avanço do e-Notariado”, disse.
A
integração internacional foi destacada também pelos docentes franceses
presentes no encontro. Para Mustapha Mekki, professor da Université Paris
1 Panthéon-Sorbonne, o colóquio revelou a forte convergência entre os dois
sistemas jurídicos. “O dia evidenciou a semelhança entre os instrumentos
existentes no direito francês e no brasileiro para a proteção da dignidade. A
palavra-chave repetida por todos os palestrantes foi a dignidade dos
vulneráveis, garantindo especialmente a preservação de suas moradias”,
garantiu.
O
diretor da Faculdade de Direito da USP, professor Celso Campilongo, reforçou
que o avanço tecnológico é inevitável — mas não substitui a função humana da fé
pública. “Um dos pontos mais relevantes deste Colóquio é a questão da
digitalização do Direito, especialmente do Direito Notarial. Após a pandemia,
as atividades jurídicas e notariais ganharam enorme impulso digital no Brasil e
no mundo. Os desafios do futuro estão na combinação entre tecnologia e fé
pública: a tecnologia auxilia muito, mas não é capaz de substituir o papel
essencial do notário no exercício dessa função.”
A
reflexão sobre vulnerabilidade esteve presente em diversos painéis do evento,
mostrando a preocupação comum entre Brasil e França com a tutela jurídica de
grupos sensíveis. A professora titular de Direito Civil da USP, Silmara
Chinellato, celebrou o amadurecimento do notariado brasileiro. “Quero registrar
que o notariado brasileiro está muito bem desenvolvido e já reconhecido
internacionalmente. Tivemos um colóquio muito rico, com grande troca de
experiências e saberes, e ficamos muito contentes com a apresentação dos nossos
notários, que têm muito a contribuir.”
Fonte:
CNB/CF