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Cartório Galópolis de Caxias do Sul relata o pesadelo vivido durante as fortes chuvas no RS

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Após 28 dias inoperante devido ao deslizamento de terra que ocasionou a perda total do estabelecimento, o cartório retomou as atividades em um espaço alugado fora da zona de risco


Durante o pior momento da tragédia provocada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul, os danos e perdas sofridas pelos cartórios do estado eram impossíveis de serem contabilizados de início. A grande preocupação era tentar salvar o máximo possível diante de uma catástrofe sem precedentes, que ficou marcada na história do povo gaúcho. Algumas serventias não tiveram nem mesmo tempo de reagir com medidas de preservação, sendo atingidas de súbito em uma escala inimaginável. Esse foi o caso do Cartório Galópolis, Tabelionato de Notas que também oferece serviços de registro civil na cidade de Caxias do Sul. O estabelecimento foi totalmente destruído por um deslizamento de terra que o deixou em ruínas.

O cenário relatado pela titular Loanda Milan era desolador. Móveis, computadores, equipamentos de informática, partes da construção, tudo reduzido a uma pilha de entulhos. Felizmente, o acervo foi quase que integralmente recuperado graças à proteção de uma parede de concreto que os cobria. “Com a colaboração da equipe e amigos, conseguimos recuperar todos os livros de registro civil e do tabelionato, apenas um foi extraviado”, afirma Loanda, que ainda segue fazendo mais levantamentos.

Sobre seu sentimento em relação à perda, ela expressa uma grande tristeza, mas ao mesmo tempo alívio por ninguém ter saído ferido no incidente. Com a intensificação das chuvas, ela entrou em contato com o Juiz Diretor do Foro de Caxias do Sul, Frederico Finger, e pediu autorização para não abrir naquele dia. A permissão foi concedida na mesma hora. Pouco tempo depois, o cartório havia desabado. “O mais desolador foi ver o prédio caído em escombros, sem ter ideia de como poderíamos recuperar o acervo. As cenas foram muito fortes e nem passou pela cabeça como poderíamos começar a nos reerguer”, relata.

Foram 28 dias entre o deslizamento que destruiu a serventia até o retorno dos atendimentos ao público. O local onde estava estabelecido o cartório hoje é considerado zona de risco, o que fez com que sua operação migrasse temporariamente para um imóvel em um bairro próximo. Com o apoio de familiares, amigos e colaboradores, as atividades seguem no novo endereço: Rua Bortolo Triches, 344, Bairro Salgado Filho.

“Estamos felizes em ver nossos usuários e novos usuários em nosso novo local. Com a solidariedade da família e dos amigos, começamos a enfrentar a situação para retomar as atividades”, diz Loanda. Ela conta que muitos colegas entraram em contato se solidarizando, algo muito importante para saber que não estava sozinha nessa empreitada.

Diante do caos que se instaurou no mês de maio, ela enfatiza a importância da digitalização dos cartórios. Essa medida, viabilizada através do Provimento nº 74 do CNJ, a deixou mais tranquila quanto à segurança dos registros. O Cartório Galópolis tem seu acervo 100% digitalizado, bem como os processos do CRVA. Os backups e digitalizações em dia foram uma garantia no meio de tantas incertezas. “Se não fosse a digitalização, teríamos perdido muitos registros e atos notariais. Logo, se algum livro se perdeu, poderemos buscar o teor através do que se encontra no servidor”, esclarece.