Diante da maior tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, o 9º Tabelionato de Notas de Porto Alegre avaliou a situação de colaboradores e estabeleceu medidas como forma de suavizar os impactos
A tragédia causada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul durante o mês de maio impactou em grande escala diversos setores da sociedade, e entre eles, os tabelionatos de notas não foram exceção. Com a elevação dos níveis dos rios e o transbordamento de córregos em várias regiões do estado, muitos desses estabelecimentos sofreram danos materiais, interrupções nos serviços e acabaram afetando também os seus colaboradores, os quais são essenciais para o seu funcionamento. Diante desse cenário desafiador, muitos enfrentaram uma corrida contra o tempo para manter as atividades e garantir o acesso contínuo à prestação de serviços notariais à população.
A partir de experiências passadas com a pandemia do Covid-19 e a enchente de setembro de 2023, também ocorrida no Rio Grande do Sul, o 9º Tabelionato de Notas de Porto Alegre já havia estabelecido um planejamento estratégico que contemplasse os funcionários diante de situações críticas. Quando o caos começou a se instaurar no início de maio e mediante a publicação do Provimento Nº 28/2024 da Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que suspendia o expediente presencial das serventias, o tabelião Alan Lanzarin montou logo uma equipe de ação que monitorou as principais necessidades dos colaboradores.
“Alugamos uma picape para que ela pudesse levar coisas onde não poderia, trazer coisas de lá e transportar os colaboradores”, conta. Também foram tomadas medidas financeiras como adiantamento de vale alimentação, 13º salário e disponibilização de férias antecipadas. Ao todo foram 4 colaboradores da serventia que perderam tudo e cerca de 70 afetados de alguma forma, destes, no mínimo 50 precisaram sair de suas casas de forma provisória por conta dos alagamentos. “A gente tem uma equipe montada no 9º Tabelionato somente para atender nossos colaboradores em todas as demandas possíveis. Inclusive demandas de limpeza, mudanças e locações de casa, enquanto a outra não estiver disponível. Enfim, a gente tem todo um planejamento para que ninguém fique na mão” explica Lanzarin.
O quadro de funcionários ainda não está totalmente em atividade e muitos seguem com dificuldades para retornar ao trabalho. Na primeira semana de maio, apenas sete colaboradores que residiam nos arredores conseguiam chegar ao local e se revezar. No entanto, a quantidade de solicitações caiu drasticamente no mês. Em condições normais, o cartório chega a atender cerca de 400 senhas diariamente, que hoje caíram para 30.
O estabelecimento em si não chegou a ter prejuízos e danos materiais, ainda assim sofreu com a falta de água e energia elétrica, o que dificultava até mesmo os serviços de atos digitais. “Nessa última semana teve uma melhora significativa já, a gente vê a resiliência do povo gaúcho e um trabalho de voluntariado enorme também. Havia colaboradores que estavam trabalhando comigo e fazendo voluntariado junto no final de semana. Todos juntos pra voltar ao que éramos antes”, complementa Dr. Alan Lanzarin.
Para ele, um dos grandes desafios que as serventias extrajudiciais estão enfrentando com a catástrofe climática foi a queda brusca no faturamento. “Durante a covid, a gente ficou três a quatro meses trabalhando no negativo, depois que passou aumentou muito o faturamento. Eu acho que aqui vai ser a mesma coisa”, afirma ele com uma perspectiva otimista de recuperação.
Fonte: Assessoria de Comunicação - CNB/RS