A campanha Setembro Verde, que visa conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos, reforça a necessidade de um esforço coletivo para salvar vidas. No entanto, a doação de órgãos é uma causa que deve ser lembrada o ano inteiro. É um processo que não para e que exige a colaboração constante entre o sistema de saúde, cartórios, famílias e sociedade. Para entender melhor como essas parcerias estão transformando o cenário de transplantes no Rio Grande do Sul, o CNB/RS entrevistou Rogério Caruso, Chefe da Divisão Estadual de Transplantes. Ele compartilha insights sobre o impacto da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO) e o papel do sistema notarial nessa jornada. CNB/RS: Como o órgão de doações de órgãos do Estado enxerga a importância da parceria entre o sistema notarial e o CNJ na implementação do novo mecanismo de Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO)? Rogério: A Central Estadual de Transplantes considera essa parceria como um dos maiores avanços obtidos nos últimos anos no âmbito do processo de doação e transplante de órgãos e tecidos. CNB/RS: Quais são os principais desafios enfrentados pelo sistema de saúde no que diz respeito à doação de órgãos, e como o novo mecanismo eletrônico pode ajudar a superá-los? Rogério: Um dos maiores obstáculos para a realização de mais transplantes é a negativa para doação por parte das famílias dos potenciais doadores, muitas vezes por declarar não saber se o falecido era doador em vida. Por isso, a AEDO vem ao encontro de uma das maiores necessidades que temos nesse processo. CNB/RS: Como você avalia o impacto que os cartórios e tabelionatos podem ter no processo de doação de órgãos, especialmente com a digitalização desse serviço? Rogério: A digitalização traz enormes facilidades, inclusive na rapidez e clareza da informação da existência de registro da decisão que o falecido deixou em vida sobre sua vontade de ser um doador, o que pode fazer toda a diferença nesse momento de decisão tão difícil. CNB/RS: De que maneira o sistema de saúde pode se aproximar dos cartórios para tornar o processo de doação de órgãos mais ágil e eficiente? Rogério: Através da integração dos sistemas, tornando as informações do AEDO acessíveis a quem faz a entrevista com as famílias, pois isso é essencial nesse momento de decisão. CNB/RS: Quais são as expectativas do órgão estadual de saúde em relação à utilização desse novo sistema notarial para doações, e como isso pode otimizar a logística de transplantes no Estado? Rogério: Esperamos que tenha impacto positivo na tomada de decisão das famílias, aumentando as possibilidades de captação de órgãos e tecidos para transplantes, pois uma das maiores dúvidas é se a pessoa que veio a óbito era doador em vida. CNB/RS: Como a colaboração entre o sistema de saúde e as entidades notariais pode fortalecer campanhas como o Setembro Verde e conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos? Rogério: Acrescento que as entidades notariais podem atuar não somente no Setembro Verde, mas também em uma campanha permanente de divulgação na mídia sobre a importância da doação de órgãos, e principalmente no registro dessa decisão. O esforço contínuo de conscientização sobre a doação de órgãos, combinado com a tecnologia e parcerias inovadoras, podem salvar ainda mais vidas. A colaboração entre os sistemas de saúde e notarial mostra que, juntos, podemos superar desafios e transformar esse ato de solidariedade em uma prática cada vez mais acessível e eficiente. Fonte: Assessoria de Comunicação CNB/RS